Em busca de mim...

Mais uma...

SER NATURAL

AMANHECER, ORVALHO BRILHANDO
AOS PRIMEIROS RAIOS DE SOL
QUE ILUMINAM ESSE PEDAÇO DE CIMA
A QUE NÓS DE BAIXO NOS ACOSTUMAMOS
A CHAMAR DE CÉU...
ESSA BRISA INSISTENTE
A ENTRAR PELA JANELA
E A SAIR PELA PORTA
TRAZENDO O SUAVE AROMA DA NATUREZA
E A ESPALHÁ-LO PELA CASA TODA,
PARA DEPOIS LEVÁ-LO CONSIGO
DEIXANDO APENAS
A LEMBRANÇA DE SEGUNDOS ATRÁS...
ESSE SOL QUE FAZ ARDER O CORPO,
UMA ARDÊNCIA GOSTOSA, LEVE,
ACARICIANDO
CADA PEDAÇINHO DE PELE
E BRONZEANDO...
ÁGUA MORNA
DESLIZANDO NA PELE DOURADA,
ESPUMANTE, PERFUMADA,
ACALMA OS ANSEIOS DA ALMA...
E VER ESSA IMENSIDÃO
BRANCA E AZUL E VERDE NA FRENTE
E SÓ, NADA MAIS...
TERRA FIRME, DURA E SECA,
A ÚNICA COISA QUE APAGA O SONHO
E FAZ SENTIR A REALIDADE,
MESMO QUE UM POUCO...

DULCENY Z
02/10/78

Continuando...

NOITE ESCURA

SILÊNCIO...
MAS OUÇA.
O BARULHO DA CHUVA!
E CHORO!
MAS COMO?
AS LÁGRIMAS SECARAM!...
É TRISTE!
POR QUE?
A NOITE
TEM O SONHO POR COMPANHIA...
FERIDA!...
DOR PROFUNDA LÁ NO PEITO,
AUMENTA, AUMENTA E CHAMA...
GRITA CALADA; POR DENTRO...
OUÇA, OUÇA...
VENHA AGORA, LHE ESPERO...
PERDÃO?...
SIM, A ALMA ESTÁ LIBERTA...
NÃO TEME, NÃO CHORA, NÃO SENTE...
PAROU, COITADA...
FELIZ?
JÁ FOI.
DE NOVO?
MAS CLARO QUE SIM!
E PRA SEMPRE!

DULCENY Z
03/03/78  20:25 H

Respeitando a cronologia...

AUTO-RETRATO

FECHADA EM SI, 
NO QUARTO, CRIANÇA.
ESPERA E ESPERA 
O TEMPO PASSAR...
CALADA E TRISTONHA, 
LEMBRANDO O QUE FOI.
SE DEITA NA CAMA 
E COMEÇA A PENSAR.
LEVANTA, 
PEGA O CADERNO,
VIRA-LHE AS PÁGINAS 
E PÕE-SE A FALAR.
DO SEU SENTIMENTO,
DO SEU DESENCONTRO,
DA SUA VONTADE 
DE O TEMPO VOLTAR.
ESCREVE E ESCREVE,
BOBA QUE É,
A MOÇA CRIANÇA,
POETISA, 
COMEÇA A SE ACHAR.
QUE NADA, COITADA, 
SEUS VERSOS ERRADOS
SÓ TEM VALIDADE 
PARA LHE LEMBRAR
DA FELICIDADE 
DO SEU PASSADO,
DA SUA ANSIEDADE 
E DO SEU PESAR.

DULCENY Z
03/03/78   20:41 H

O Alfa...

Questionamentos de uma adolescente inquieta...

INCERTEZAS

ANDO, NÃO ANDO,
VOU E NÃO VOU;
POE ESSAS ESTRADAS SOMBRIAS,
NÃO FRIAS, CERTAS, INCERTAS...
CAMINHO E VOU BUSCANDO À FRENTE
O MEU PRESENTE OU CASTIGO,
SEI LÁ, QUAL SERÁ?
NÃO SEI...
SÓ SEI QUE SIGO, PARO, EMPURRO,
EMPURRAM-ME E VOU SEM PARAR,
SEM SEQUER PODER PENSAR;
SE PENSAR, VOU PARAR.
AH! ... ISSO EU SEI!...
SE PARAR, VOU MURCHAR OU FLORIR?
QUEM SABE, SE MURCHA JÁ NÃO SOU
OU SE FLORIDA ESTOU?
SEI E NÃO SEI, SOU E NÃO SOU,
QUEM SABE?...
TALVEZ NADA SAIBA
OU TUDO CONHEÇA, ENTENDA;
TALVEZ SEJA OU APENAS
QUEIRA SER E NÃO POSSA,
SEI LÁ...
NÃO SEI...
FALO OU NÃO FALO,
DESTRUO OU CONSTRUO?
TALVEZ DESTRUA
PENSANDO ESTAR CONSTRUINDO;
SEI LÁ...
NÃO SEI... QUEM SABE?...
EU OU NÃO EU...
OUTROS OU NÃO OUTROS...
QUEM PODERÁ DIZER?
QUERO OU NÃO QUERO;
QUEREM-ME OU NÃO?
TALVEZ NÃO QUEIRA
E TEIME EM QUERER.
TALVEZ NÃO ME QUEIRAM
E DEMONSTREM QUERER...
OU QUEM SABE
QUEIRAM-ME E NÃO SAIBAM;
QUEM SABE?...
DUVIDO OU NÃO,
CREIO OU SERÁ QUE DESCREIO?...
TALVEZ DUVIDE
PENSANDO NÃO DUVIDAR...
OU QUEM SABE,
NÃO TENHA DÚVIDAS E AS CRIE.
TALVEZ CREIA E PENSE DESCRER;
QUEM SABE?...
NÃO SEI...
SINCERA OU FALSA; NÃO SEI...
TALVEZ SEJA SINCERA
E ME MOSTRE FALSA
OU ENTÃO FALSA
ENGANANDO COM A SINCERIDADE,
REALMENTE NÃO SEI...
QUEM SABE?...
INCERTEZA OU CERTEZA...
REALMENTE É DIFÍCIL DIZER...
TUDO ISSO É INCERTO
OU SERÁ QUE É CERTO?
SINCERAMENTE,
CONTINUO COMO COMECEI,
SEM NADA ENTENDER,
SEM NADA DIZER,
SEM NADA SABER PENSAR.

DULCENY Z
"EM ALGUM DIA LÁ PELOS ANOS 70"
(MAIS OU MENOS 1976)

Encontro Original

Ao amor eu busco.
Buscando, quis ajudar-te.
Ajudando-te; compartilho.
Compartilhando,torno-me
una contigo.
Às tuas dores,
tomei-as minhas.
Aos teus defeitos,
descobri a tolerância.
Tolerando-os, os descobri
e procuro diminuí-los
em mim.
Pois em ti,
ao que mais me
desconcerta, incomoda,
é o que
em meu ser se faz
escondido até mesmo de mim.
Em ti me descubro
e me proponho melhorar.
Em ti vejo o
mundo que me cerca.
Em teus olhos
encontro a minha paz,
pois neles vejo
a luz do Pai
emitida e refletida
deles nos meus
e de meus olhos nos teus;
num jogo de vai e vem;
que ora nem se sabe mais
de onde originou.
Ao amor eu busco.
Buscando, encontrei-o.
Encontrando-o; compartilho.
Compartilhando-o, torno-me
una contigo.
Às tuas alegrias,
tomei-as minhas.
Às tuas qualidades,
descobri o contentamento.
Contentando-me, as descobri
e procuro intensificá-las
em mim.
Pois em ti, ao que mais me
agrada, assossega,
é o que em meu ser se faz
também escondido até mesmo de mim.
Em ti me descubro,
me conheço e reconheço
um ser melhor.
Sou feliz enfim,
pois à tua felicidade,
tomei-a minha.
Tomando-a; compartilho.
Sinto-me
una contigo.
Pois que encontrei em ti
ao que eu buscava...

Dulceny z 2002