Escrevi
isso há algum tempo...
Fala sobre gratidão de certa forma, atitude sobre a qual me coloquei a refletir no dia de ontem...
Fala sobre gratidão de certa forma, atitude sobre a qual me coloquei a refletir no dia de ontem...
Cansada de ter que responder às coisas
com comportamentos "adequados" criados por uma civilização que nem de
longe age conforme as regras que ela mesma cria.
"Gratidão é o ato de reconhecimento de
uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um auxílio, é uma emoção, que envolve um sentimento de
dívida emotiva em direção de outra pessoa; frequentemente acompanhado por um
desejo de agradecê-lo, ou reciprocar para um favor que fizeram por você. Num
contexto religioso, gratidão também pode referir-se a um sentimento de dívida
em direção de uma divindade". (Wikipédia)
"Afeto / afetividade é a relação de
carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido. É o estado
psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções
a outro ser ou objetos. Pode também ser considerado o laço criado entre
humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de
"amizade" mais aprofundada". (Wikipédia)
Agora, quem pode apontar a outro o dedo
da acusação se essa relação de afetividade não se construiu ao longo de uma
existência, que seja em relações familiares, pais e filhos, irmãos, sobrinhos,
tios, netos e quantos mais graus de parentesco existirem?
Para que essa relação se construa
precisa da reciprocidade. Somos condicionados a crer que os filhos devam
"desenvolver" essa relação de afetividade (amar) seus progenitores
independente de quem e como sejam. Posso pensar diferente, todos nós temos o
direito de desenvolver nossos e novos conceitos, afinal, fomos dotados da
capacidade do raciocínio para, pelo menos uma vez em nossa existência,
"criemos" um pensamento novo, quebremos o estabelecido.
Como externar essa afetividade se não
houve momentos de afetividade que você possa se recordar de parte de seus
progenitores para com você durante a sua infância, adolescência, juventude,
vida adulta?
Só desenvolvemos a intimidade necessária
para isso se o outro estiver aberto a isso e ensiná-lo em sua tenra idade a se
relacionar com as pessoas demonstrando essa afetividade através de gestos
simples como um abraço, um beijo fraterno, ao longo de sua vida você até pode
desenvolver essa prática com pessoas que porventura possam suprir essa ausência
demonstrando que é possível sim existir esse tipo de relacionamento, se a
partir de um dado momento mesmo os seus progenitores e ou você mudem o
"modus operandi" e iniciem a partir dali a construção de uma nova
relação. É possível, mas insisto - precisa haver a reciprocidade, senão tudo
retornará à situação anterior - dois precisam querer a mudança.
Sou grata sim por tudo que meus
progenitores me proporcionaram: vir a esse planeta em mais uma faceta de
personalidade encarnatória, por ter propiciado a que minha deficiência
congênita fosse corrigida, por ter me proporcionado ser quem eu sou hoje - em
muitos momentos pelo exemplo contrário - nem sempre as referências que
recebemos são positivas, mas as negativas podem nos fazer questionar as nossas
potencialidades trazidas em nosso espírito e mesmo reforçá-las nos fazendo trabalhar
nossas imperfeições quando nos vemos em espelho ou mesmo confirmando que a
nossa percepção, conceitos e ações são acertadas, pois aquilo que vemos o outro
fazendo e que traz consequências tão funestas nos alerta no sentido da retidão.
Mas não posso me culpar pela afetividade
não construída, apesar de todas as tentativas infrutíferas, chega um momento em
nossa existência em que precisamos pesar todos os pontos e avaliar se é ainda
válido continuar, se não nos estamos destruindo também nesse processo
improfícuo. Não podemos nos perder do nosso foco que é a construção da Paz e
Harmonia, da realização da felicidade - da evolução e amadurecimento espiritual
mesmo que para isso a única opção seja nos distanciarmos. Não podemos correr o
risco da destruição das relações insistindo em algo que não sai do lugar, não
depende só da nossa consciência, mas da consciência do outro e se o outro não
quer mudar, deixemo-lo no seu processo - é a escolha, o livre-arbítrio a que
todos temos o direito - exceder nisso é alimentar a vaidade do
"mártir".
Amar está no âmbito do Divino.
Gostar está no âmbito do humano.
Perdoar é ignorar o mal que nos fazem e
o nosso instinto inferior que porventura nos dirija o pensamento a querer
realizá-lo.
Como diz Emmet Fox em seu livro O sermão
da Montanha:
"As pessoas sempre fizeram um bicho
de sete cabeças do perdão por terem a impressão errada de que perdoar uma
pessoa faz com que se sintam compelidas a gostar dela. Felizmente, tal não é o
caso - não temos que gostar de alguém de quem não gostamos espontaneamente e a
verdade é que é impossível gostar de alguém assim. É o mesmo que tentar segurar
o vento com a mão e, se você tentar forçar-se a isso, acabará detestando a
pessoa mais que nunca. ... Não somos obrigados a gostar de ninguém, mas temos a
obrigação de amar a todos, já que o amor ou a caridade, como a Bíblia lhe
chama, envolve um sentido vívido de boa vontade impessoal. Isso nada tem a ver
com os sentimentos, embora seja sempre seguido, mais cedo ou mais tarde, por um
maravilhoso sentimento de Paz e felicidade."
Dulcenyz
02/02/2013
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